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"As Cortes e a Constituição não são coisa nova nestes Reinos: são os nossos direitos e os dos nossos Pais." — in Manifesto da Junta Provisional do Governo Supremo do Reino, de 15 de Dezembro de 1820
Mais como resultado de um triste macaquear da retórica frustrada dos imperialismos prematuramente esboçados nos mapas da Conferência de Berlim do que pela lenta agonia da nossa ancestral independência, o nacionalismo primário foi-se tornando durante o século XX um dos mais arreigados erros de paralaxe dos condóminos deste jardim à beira-mar plantado — e assumiu tal dimensão que nas décadas mais recentes se veio igualmente a tornar um dos mais censurados e perseguidos. Infelizmente, pelas piores razões.
Com efeito, os inquisidores mais comuns dos nacionalismos impenitentes são hoje aqueles dandys libertários provenientes de todo o espectro ideológico que se vão deixando encalhar nas saudosas utopias de estilo zhongshan ou nas saborosas dietas do palhaço Ronald. Ora estes apóstolos da moderna globalização cuja revolução cultural consiste na lapidação dos "provincianos" adversários com os contundentes epítetos de "elitistas", "retrógrados", "xenófobos", "sexistas", "homófobos" e intolerâncias quejandas, ignoram no seu torpor intelectual como são eles próprios o mirrado fruto daquele mal que tanto censuram.
Torna-se urgente lembrar, portanto, que o espírito tacanho e sectário a que se convencionou dar o nome de "nacionalista" está muito longe de ser um atavismo dos avoengos. Bem pelo contrário, não passa de uma das principais novidades que o fino engenho das luzes elevou à ribalta por volta de 1789 — tão precisado estava de uma nova quimera que subsumisse definitivamente os Povos na massa.
Desde então, a "Nação", esse lugar vago em que qualquer um pode nascer, essa terra de iguais que nos convencem ser nossa para além dos muros de cada quintal, essa área colorida e bem delimitada que se mostra coberta de números e setas num mapa, foi apenas o engodo que permitiu transitar das comunidades de Povos para o exército permanente, para o belicismo industrializado, para o estado de guerra perpétua...
... e o "nacionalismo", a ideologia que acabou por se lhe colar, foi aquele reducionismo curto e bombástico bem adaptado às parangonas dos jornais diários, segundo o qual todos os males que afectam o povo se podem atribuir a quaisquer gigantes "estrangeiros" de acordo com as conveniências da moda.
Ora, não foi essa tacanhez de espírito que levou Portugal aos quatro cantos do Mundo — sobretudo, não foi essa pequenez que nos pretendem impingir os luminosos que permitiu a Portugal lá se manter durante mais de quinhentos anos. O "nacionalismo" tem tanto de português como a bomba atómica, e os portugueses tropeçam e apoucam-se de cada vez que se enganam.
Quanto aos apóstolos do globalismo universalizante, não se apercebem que são o pólo dialéctico dessa máquina infernal destinada a moer os Povos até os reduzir a uma massa estandardizada e inerte, pronta a modelar por qualquer demagogo inspirado. Se para os "nacionalistas" todos males se devem a bichos-papões vindos de longe, para o janota globalizado, vista ele fatiota cinzenta ou calças de ganga, o inferno exala em directo do vizinho ao lado, que continua a lambuzar-se com o salpicão que lhe mandam lá da aldeia sem pagar tributo a nenhum "poder mais alto"... seja ele dividendo ou imposto...
À bon entendeur...
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Nacional-Socialismo para o Século XXI. Ou o Nacional-Saloiismo sempre no seu melhor...
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