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"As Cortes e a Constituição não são coisa nova nestes Reinos: são os nossos direitos e os dos nossos Pais." — in Manifesto da Junta Provisional do Governo Supremo do Reino, de 15 de Dezembro de 1820
Portugal, humilimamente no centro do Mundo.
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Entre os já ancestrais delírios de estrangeirados, nacionalistas e globalizados, houve com certeza um dia em que este Povo se esqueceu da razão porque a sua Pátria se encontra humilimamente no umbigo do Mundo.
Confundimos o nome das coisas, confiámos a vida aos urdidores de futuros e preferimos dormitar na poltrona das megalomanias alheias. É justificável. Tantos séculos salgando o mar foi pranto demais. Vivemos agora atolados no pântano da mediocridade e deixamos que escrevam a história por nós.
Tempo perdido a olhar de viés, desligando o que fumega cá dentro do que explode lá fora ou esmagando o que aqui floresce sob o peso do Cosmos. Deslumbrados pelas promessas de novas ordens, aferimos por bitola larga as nossas veredas e acabamos despenhados em decadências alheias.
Não será para breve o restaurar dos orgulhos feridos — mas convém lembrar que não são nossas as agendas dos outros... até porque há soberanos cuja solitária grandeza é o aviltamento dos fracos, sábios cuja ciência é o segredo, potentados para quem a tenacidade é cegueira e a resistência uma afronta.
É necessário recordar igualmente que na vanguarda dos deuses da guerra e do sangue pontificaram sempre os embaixadores da dissolução e da intriga... Muitos de nós somos ainda de um tempo em que uma boa fatia dos parcos recursos era reservada para a elevação dos espíritos. Agora, não se regateiam fortunas para embrutecimento das massas.
Afinal, este Império de segundas núpcias que nos quiseram impingir como novo não passa de uma quimera com a idade do mundo, e já não lhe chega a cosmética. Assim, enquanto nos saguões prossegue em crescendo a orgia dos néscios, nas lojas do palácio voltam a contar-se as espingardas que lhe hão-de servir de muleta.
Não há nada de novo debaixo do Sol. Basta saber que quando jogámos no tabuleiro dos outros, o resultado foi sempre a perder... Afinal, é muito plausível que a nossa fraqueza seja realmente a nossa força.
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Quando jogámos no tabuleiro dos outros, o resultado foi sempre a perder...
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